17 dezembro 2010

Que Seja Infinito Enquanto Recíproco... E Eterno Enquanto O Sentimento Dure


Hoje o Facebook me deixou com "umas pulgas atrás da orelha"...
Abri aquele aplicativo de responder perguntas sobre seus amigos e a terceira que me aparece é: "Fulaninho (sim, fulaninho) estará sempre lá para você?" Veja, meus caros, que perguntinha cretina... Parei, pensei... o de cujos é uma pessoa pela qual nutro grande carinho e mesmo crendo que a recíproca é verdadeira, acho que a resposta primeira é "não". De qualquer maneira não escrevi nada, pois um texto seria ridículo e eu não saberia dar uma resposta honesta sem a justificativa que apresento a seguir. Dessa forma, resolvi explicar-me a mim mesma (sim, explicar-me a mim mesma) por que pensei em "não" quando a maioria em situação semelhante não hesitaria em pôr um "sim".
Caríssimos leitores, a resposta para esta perguntinha cretina é primeiramente ''não'' pelos seguintes motivos: fulaninho não é minha mãe e não é meu pai. Sim, eu tenho irmão e irmãs e nem eles eu acredito que estarão "sempre lá".
Segundo que fulaninho nenhum, por mais afeto e carinho que tenha-se um pelo outro, espera, assim, por esperar, à toa... "como uma senhora sentada na praça dando milho aos pombos à espera de que algo aconteça em sua vida" (Fernando Pessoa, eu acho...). As pessoas buscam RETORNO. Não, pessoas, não digo que os outros esperam que vc pague por um favor ou dê algo tangível em troca... digo que as pessoas buscam uma REAÇÃO das outras... Se se dá carinho, espera-se que receba o mesmo de volta, se se dá atenção, igualmente. Quer um teste? Fique 2 meses sem atender nenhuma ligação do seu melhor amigo, ignore-o completamente: não saia com ele, não fale com ele, não demonstre nada... garanto que ele sumirá (eu sei, já fiz este teste estúpido... assunto pra outra madrugada).
De qualquer forma, o que eu quero dizer com esse texto, que ficaria ridículo no Facebook, é que Fulaninho, em primeiro plano, não vai ''estar sempre lá'' para mim.
Entretanto, olhando por outro lado, se eu e Fulaninho tivermos reações positivas entre nós, o que nos impede de ''estarmos sempre lá'' um para o outro? A questão que me incomoda é a palavra ''sempre'' e acredito que ela aqui esteja relacionada àquela dura expressão de Vinicius de Moraes: ''que seja infinito enquanto dure''... Enquanto eu e fulaninho formos amigos, carinhosos um com o outro, certamente ''estaremos lá'' pro que der e vier...
Só que, é claro, por que não?, eu e fulaninhos podemos nos tornar muito especiais um para o outro (se é que já não o somos) e aí sim, quem sabe, estarmos ''sempre lá''... mas enquanto a certeza não bate, não me arrisco a descobrir...
Conclusão: ninguém espera sentado para sempre. Mas se ''estiver lá'' significa companheirismo, eu vos lhes digo que isso só vem com muito afeto, confiança e principalmente: tudo isso em RECIPROCIDADE, que só acontece depois de muito tempo de CONHECIMENTO.

:)

26 novembro 2010

Passeios mentais...




Era uma pessoa (será que era mesmo?), sentada na calçada, olhando a rua. Não era um mendigo, um doido ou sequer um drogado... era só alguém cansado da vista de seu minúsculo e abafado apartamento e, por isso, buscava um ângulo diferente das coisas.
Mas... tinha que ser sentado na rua? Não podia ser de um banco da pracinha? Ou de uma mesinha de fast-food do shopping center? Não. Não podia. Isso tudo ela já tinha visto, ela já sabia como era essa máscara toda. A realidade, nua e crua, era isso de que precisava para conseguir pensar direito.
Viu saltos altos passarem e quase pisarem em suas pernas; viu sapatos apressados, atrasados para a reunião das 14:00; viu tênis coloridos e chinelos enfeitados... viu olhares de interrogação, de medo, de piedade (esse lhe rendeu umas moedas).
Sua cabeça começava a funcionar: encostou a cabeça na parede, fechou os olhos e começou a lembrar-se de tudo desde aquele dia, aquele dia em que as coisas mudaram mais... efetivamente. Montou uma tabela, fez uns cálculos, examinou gráficos, traçou possibilidades... os fatos, o tempo, as consequências...
Primeira pergunta: a mudança foi tão profunda assim? Tremeu ao pensar na resposta... não teria ela substituído uma situação por outra que, de diferente, só tinha o layout? Não... ela saberia, não saberia? Quer dizer, a sensação era diferente. Fosse a situação semelhante ou não o que importava era se livrar da antiga angústia, da agonia, do medo de falar, da mensuração dos pensamentos... E isso com certeza mudou. Sorriu. E de sorrir viu que sua resposta estava certa.
Segunda pergunta: como isso afetou sua alma? Algo cresceu dentro de si quando pensou nessa pergunta. "A vida é como um rio", disse uma vez seu professor preferido, "e quanto mais você nada, mais forte você fica...". Sua alma estava mais forte. Mais cautelosa... menos menina, mais mulher... e nem por isso menos moleca e mais chata. Riu. Essas frases prontas sempre a faziam rir.
Última pergunta: você está melhor ou pior que no passado? Boa pergunta. É na verdade a chave de toda essa análise... não saberia dizer ao certo, mas tenho um bom palpite: o presente está melhor do que o passado no campo interno (o denso nevoeiro mental agora era uma neblina mais suave... como aquelas de manhãs frias); no campo externo... estava diferente... era cedo ainda pra dizer se melhor ou pior. Por enquanto, só diferente.
Abriu os olhos, voltou a olhar a rua. Mais uns olhares de piedade lhe deram mais moedas... riu, quem sabe elas não rendenssem um café quente, estava frio mesmo. Levantou sacudiu as calças pra tirar a poeira. Catou as moedas, entrou na loja ao lado, sentou-se pra tomar seu café. "Lugar agradável", pensou... e quem sabe aquele pensamento não lhe tenha gerado novas reflexões...

18 novembro 2010

Parte I


"Monique entrou naquele avião com mais medo da chegada do que da viagem sobre o Atlântico... Falara com Valentina horas antes de embarcar: uma última checagem se o combinado ainda estava valendo. De qualquer forma, mesmo que ao chegar em Barcelona não houvesse ninguém à sua espera no aeroporto, ela não desistiria agora... Haviam mais motivos para ir até lá do que apenas visitar sua prima distante.

Assim que entrou no avião pensou no que fazer para passar o tempo: seriam longas horas de vôo... Revistas lhe entendiavam, nunca gostara daquelas futilidades (ou quem sabe até inverdades) que eram publicadas; Filmes românticos também não eram seu gênero preferido e, por isso, o título "Amor em Paris" não parecia muito interessante. Resolveu então que ia escrever, isso sempre a ajudou a relaxar... Papel e caneta na mão, conseguiu fazer algumas estrofes antes de cair no sono.

No mais, nada de estranho pareceu-lhe ocorrer no avião, afinal, viagens de primeira classe costumam ser mesmo tranquilas. Guardou os versos soltos na bolsa junto com tantos outros feitos em momentos de tédio como aquele... quem sabe um dia não os reunisse e fizesse um poema só.
Desceu em Barcelona, vestiu o casaco vermelho: diferente do Brasil, a Europa pode ser muito fria e não somente quanto ao clima...

Valentina já esperava no aeroporto. Sua expressão de sono não combinava com seus traços finos: moça alta, loira, olhos verdes, cabelo curto, nem gorda nem magra... costumava ser muito alegre, sobretudo sob efeito de vodcas russas... O caso é que eram quatro horas da madrugada de uma terça-feira, dando à maquiagem mal feita um aspecto ridículo e inútil.


Monique, embora tivesse o corpo da prima e uma pele alva como a dela, era mais baixa e tinha cabelos longos e negros que combinavam muito bem com seus olhos expressivos... Olhos que no momento expressavam nada mais além de cansaço. Abraçaram-se com certa saudade dos tempos de meninas levadas no interior de São Paulo... Tinham mesmo muito o que conversar, e quem sabe com isso não se tornariam amigas de novo...

Ao chegar na porta do apartamento de Valentina, Monique nem teve tempo de reparar na romântica pracinha, cheia de flores, que tinha ao centro uma fonte com anjos dançantes, logo de frente ao prédio; tudo o que queria era algo pra comer e uma cama quente. Por isso, quando entraram, tomaram leite acompanhados de biscoitos e, enquanto o sol aparecia pela cortina da sala, elas foram se esconder nos quartos ainda escuros.


O objetivo de Monique na Europa era, aparentemente, divulgar seu novo livro, um romance policial entitulado "Entre linhas azuis estão palavras em escarlate", qualquer coisa sobre cartas de amor rasgadas e facadas desferidas no peito de uma pobre amantes nas ruas escuras de Lisboa... O lançamento em Barcelona seria no dia seguinte, às dez horas da manhã, em uma livraria famosa do outro lado da cidade... Depois disso, estaria livre para a Europa e sabe-se lá para o que mais...

Acordou ao fim da tarde, tomou café frio, comeu mais alguns biscoitos. Valentina decerto ainda dormia, porque a porta de seu quarto ainda estava fechada. Aproveitou para observar a sala que, mesmo um pouco escura por causa da cortina, parecia ter uma decoração de bom gosto e vários objetos, bibelôs, espalhados harmônicamente por ela. Abriu a cortina para ver melhor os objetos escondidos na sala, e descobriu uma pequena e aconchegante sacada. Um lugar com vasinhos de flores pendurados e uma mesinha com duas cadeiras... Apoiou-se e olhou para baixo: não era muito alto o terceiro andar, mas já dava uma vista interessante. Viu a pracinha e riu ao perceber que os anjos dançantes pareciam fazer as florzinhas amarelas e rosas mais alegres, ou seria o contrário? O que importa é que o clima estava bom e, passado o cansaço, se sentia mais positiva agora. Ouviu um barulho e riu ao pensar: "Valentina deve ter acordado, espero que ela conheça um bom restaurante por aqui, pois na casa não parece ter mais do que biscoitos..."

Saíram para comer em um restaurante a poucas quadras dali e, como era perto, aproveitaram para caminhar, olhar as casas e contar mais sobre as coisas que cada uma andava vivenciando. Valentina queria planejar algo para mais tarde, parece que aquela região era povoada por barzinhos e, quem sabe, algumas boates... Monique não concordou por causa do lançamento no outro dia que seria pela manhã, ela não queria chegar ressaquiada para atender as pessoas que, tomara Deus, possam tornar-se seus fãs.


- É, amiga, fossem talvez 5 ou 6 anos atrás e a idéia de uma noite agitada seria sua... Isso prova como o tempo muda as coisas!
- Não, Val, isso prova como as coisas mudam os tempos...


Deram mais alguma volta até entrarem em uma loja. Compraram vinho, queijo e o filme "O Nome da Rosa", um dos preferidos de Monique."




Isso aí, galera, tô escrevendo uma nova história mirabolante que me veio na cabeça esses dias...
Espero que esse projeto continue! o/

Desejem-me sorte e cobrem-me para que eu pare de abandonar meu pobre blog.



P.S.: Sugestões de títulos nos comentários :)

04 agosto 2010

Pensamentos soltos em linhas rígidas


Olhei pra trás e vi tudo desmoronando. O mundo estava caindo, o passado virava pó... tudo o que eu acreditava: todas as minhas virtudes, todas as minhas leis... tudo caía e virava pó. E o pó vinha atrás de mim, como uma tempestade de areia no deserto do Saara. Só me restava correr.
Corri, corri, corri... até que avistei algumas ruínas. Sem nem pensar entrei em uma velha casa de pedra, toda rachada e esperei a tempestade passar. Vi minhas virtudes em pó rirem de mim e minhas leis jogavam areia nos meus olhos, o que me fazia chorar.
Chorei, muito, até que a tempestade passou e o sol abriu. Não gosto muito de sol, nunca gostei... acho que era porque quando eu ia na fazenda minha mãe não me deixava andar à cavalo no sol, ou talvez porque eu ficasse vermelha quando exposta ao sol - ainda fico. De qualquer forma, o sol é melhor que a poeira... a poeira de mim mesma.
Comecei a olhar em volta; a velha casa parecia que ia cair e mesmo assim, era firme. Saí, olhei outras casas como aquela, vi também uma torre, um poço ao centro; lembrei então que eu precisava beber água ou ia morrer. Olhei o poço, nada. Nada de nada era o que era aquilo ali.
Sentei numa pedra qualquer, ou no chão mesmo, não sei... só sei que tentei pensar e não consegui, eu olhava pros lados e não tinha nada. "Nada de nada" pensei de novo, só essa frase me vinha na cabeça. Levantei, sacodi a areia e comecei a andar. Sem rumo, sem pensar no que estava fazendo... só andar.
Andei, até que as ruínas foram ficando pequenas no horizonte, até que sumiram por completo. Parei, contemplei a vista. "O sol vai me deixar vermelha como um pimentão", pensei, e ao pensar nisso pensei em mamãe, que estaria brava se estivesse me vendo, porque eu não tinha passado filtro solar... Sorri com esse pensamento e dei mais uns passos pensando em minha mãe.
Minha mãe era mãe mesmo. "Mãezona" e eu... eu era a "filhota" porque sou filha única e por isso sempre dei trabalho. "Minha mãe me ama", pensei, e ao pensar nisso pisei em algo que fez "creck". Peguei, olhei, era um óculos, o óculos da minha mãe... ainda bem não quebrou.
Coloquei os óculos e continei andando... comecei a olhar o formato das dunas, afinal não havia mais nada pra fazer mesmo, e vi uma que parecia um peixe. Peixes... meu pai adorava pescar e sempre me levava com ele quando podia. "Nunca mais pesquei", pensei... e quando pensei nisso, apareceu um rio, assim mesmo, puft, do nada, de repente um rio.
Entrei no rio. Água friiia, correnteza forte, não dava pra nadar pro nada. Então fui andando na margem... pelo menos eu tinha água agora. E como era boa a água do rio! Tinha gosto de infância, de infância bem vivida.
Lembrei da minha infância e senti fome. Porque lembrei de minhas avós, que sempre me davam algo delicioso pra comer. E fechei os olhos imaginando suspiros e rosquinhas frescos e eles tinham cheiro de goiabada caseira. Quando abri os olhos vi uma cidade, com prédios grandes e cinzas, com carros e até alguns poucos helicópteros.
"Que estranho... uma cidade aqui, no meio do nada e na beira do rio", pensei, mas quando eu acabei de pensar nisso, o cheiro sumiu, a água sumiu, os óculos evaporaram-se.
Acordei, acordei atrasada e cansada. Com sede da água da infância, com fome dos doces, com os olhos ardendo e com calor. Fechei os olhos e tentei lembrar de minhas leis, de minhas virtudes... Graças a Deus encontrei algumas na escuridão daquela manhã de sol.
Sorri, aquela ainda era eu... Mas por quanto tempo? Temi por minhas leis, não queria que virassem pó. "O sonho foi um aviso, mas... que aviso?", pensei, e quando terminei de pensar vi um livro, aberto no meio. Não dava pra ver o começo só se via que estava em branco do meio pra frente. Peguei uma caneta e escrevi. O que eu escrevi? Não sei, não parei pra ler ainda... por enquanto só estou escrevendo.

17 julho 2010

Saudade


Hoje bateu saudade...

Saudade de pescar,
Saudade de acampar,
Saudade das loongas conversas nas loongas viagens que tanto fazíamos...

Hoje, pai, deu saudade de você.

;*

18 novembro 2009

Meu pé de Laranja Lima


Esses dias eu estava descrevendo pra um amigo meu histórias da minha infância mega feliz.
Aí eis que surgiu a idéia de criar uma seção do blog pra eu contar minhas peripécias infantis.
Eu mudei muito (29 mudanças em 18 anos de vida) e morei em lugares e convivi com pessoas um tanto quanto diversas...
Não, caros leitores, eu nunca saí do país, não tenho histórias de aventuras européias ou norte-americanas pra contar... mas já morei do lado de um tribo de tupis-guaranis, com uma singela casinha (singela mesmo, em algumas épocas chovia mais dentro do que fora da casa) de frente pro rio Araguaia; mechi com política e cheguei à conclusão de que nem todos os políticos são iguais, mas o sofrimento que eles causam às suas famílias, sim.
É mais um quadro nostálgico, talvez um dia eu junte tudo e monte uma bibliografia... talvez não.
Mas, como eu gosto de escrever mesmo... estaremos aí.

O nome da seção será: Meu Pé de Laranja Lima.
Créditos ao César, meu mestre budista (rs, rs).

24 setembro 2009

Arquivo Morto


Ah! Aquela sensação novamente de missão cumprida! Mais uma alma para meu recanto virtual. Agora tinha de fazer seu túmulo, ou melhor, seu mausoléu, porque Christine era especial. A pela branca e macia, os cabelos negros e lisos, a boca vermelha... seduzi-la foi um jogo maravilhoso, daqueles que se joga a madrugada toda sem dormir.

Abri o site, criei seu arquivo. Tudo o que pude saber da vida dela estava lá. Vinte e três anos, um metro e setenta de altura; profissão: prostituta, a mais bela e envolvente de todas elas. Coloquei-a no centro de meu cemitério, a principal de minha coleção.

O corpo fora encontrado pelo jovem delegado Moura, na tarde do dia seguinte. O lugar era mesmo óbvio, eu queria que ele fosse o primeiro a conhecer a mais bela de minhas almas. Ele a chamou de "a décima terceira de Allan", porque era minha 13ª mulher e porque esse é o nome que eu assinava nelas.

Pobre delegado! Por mais que juntasse todas as provas que encontrava nos corpos, ele sempre se esquecia de ir até a minha residência virtual, era lá que estavam as verdadeiras pistas. Entretanto, eu tratei de deixar um bilhete desta vez. Pedi que Christine anotasse o site, caso quisesse visitá-lo um dia (ainda me lembro de seu sorriso quando terminou de repetir todo o endereço). Deixei esta anotação no pulso esquerdo dela, seria sua única pista relevante no corpo da vítima, e a primeira do caso.

A noite, um novo e-mail, o delegado entrou em contato comigo. Fazia mil perguntas e uma afirmação "eu encontrei você". Quem diria, não é mesmo? Até que enfim... Adicionei o e-mail do delegado ao meu programa de mensagens instantâneas. Conversamos com mais calma, pude conhecê-lo sem as máscaras dessa mídia ridícula que deturpa as pessoas.

A verdade é que eu já estava cansado de minhas aventuras e aquelas almas pesavam em mim, sobretudo Christine, que morreu tão docemente junto ao meu corpo, sussurrando apenas "obrigado..." quando a faca entrou em seu coração. Sentia vontade de me juntar a ela, era meu primeiro amor aos 33 anos e 13º homicídio.

Fui dando uma a uma as pistas ao delegado Moura à medida que fui lhe envolvendo em minha história. Um dia pedi-lhe que cuidasse de meu jardim, tinha certeza que o havia preparado bem, para que eu enfim pudesse me juntar a Christine e cuidar das outras. O delegado aceitou. Estava então tudo pronto: o e-mail, a senha, a arma. Passei-lhe o domínio de meu mundo e despedi-me com minha última bala...

Acordei com luzes, dores e esparadrapos, a próxima parada seria o manicômio para assassinos na ilha de Noronha; se eu fosse para uma prisão comum, poderia me matar. Fui condenado à prisão perpétua entre paredes brancas e acolchoadas; o que me consola é saber que o fim esta próximo, pois tenho hoje 53 anos e até ontem, quando o delegado esteve aqui, meu jardim ainda estava intacto, tal como o deixei a 20 anos atrás.
 
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